meu microscópico
e íntimo big bang
esse ritmo cíclico
mal e bem
vai e vem
vou e venho
acordando de um sonho
molhado
de angústia e medo
num coito interrompido
desamortecido e
desnorteado e
tudo continua certo
no mesmo lugar
as paredes ainda brancas e
os vasos cheios e
os retratos me crivando o olhar
o café permanece amargo
o barulho dos carros
harmonizados a uma serra circular
a porra dos versos
me enviesando sinais
a mucosa espessa malogrando
as conexões neurais
essa malha elétrica
onde moram paixões
terrores terrenos
delírios astrais
semprenunca presente
parto passado
furtos futuros
escritos nos ombros
punhal riscando o muro
em caudalosas cicatrizes
xilogravuras cardíacas
das indeléveis varizes
páginas repletas de seres
enegrecidos
entristecidos
entretecidos no cortinário do tempo
libertos, vivos quando as pálpebras descem
encriptados de volta quando o sol sai
as rimas ainda casam
mesmo que eu me esquive
e só percebo o que destoa
no reflexo distorcido
da colher
de chá
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