Poesia de garagem, música, descrições e indiscrições. Um blog tardio mas que nasceu de sete meses, angustiadinho e agora com algumas revisões gramaticais.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Reanimando minha liga com sci-fi.

Aprendí a gostar de ficção-científica e levá-la a sério há poucos anos. É um gênero mal compreendido pela maioria das pessoas talvez por causa de alguns estereótipos bobos e simplistas usados nas produções médias desse tipo de fita.  
Claro que sempre curtí alguns clássicos de sci-fi que não precisam nem ser citados, mas só vim entender ao que o gênero se propõe de verdade depois de ler dois livros esclarecedores: Flashbacks, biografia do Timothy Leary e A Contracultura Através dos Tempos, do Ken Goffman e Dan Joy. Comecei a curtir na real quando saquei que o melhor da ficção-científica, muito além de simplesmente entreter (o que pra mim é fundamental, ainda que complementar), te faz imaginar, questionar e muitas vezes construir os rumos a serem tomados. 
Cada um a seu jeito, esses dois filmes abaixo que ví essa semana me empolgaram e me fizeram lembrar de voltar a fuçar bons títulos de sci-fi.

Renaissance (Paris, 2007)
 
Paris em preto e branco num futuro próximo ambienta a trama que envolve sequestro, intrigas de submundo, policial escrotão e o extremo em pesquisas cosméticas. Ficção científica com climão noir, essa animação francesa é um primor gráfico. O conceito de cidade-luz toma uma nova dimensão nos cenários que mesclam de forma interessante e por vezes sutil, o antigo e o novíssimo, a beleza clássica e o funcionalismo futurista. A sequência de uma perseguição policial, por exemplo, salta aos olhos: a fluidez do on the run e a secura das batidas numa pista que corre logo abaixo da via de pedestre (que vem a ser uma passarela de vidro translucido gigante) pra mim foi emblemática.



Pena a história não ser das melhores. Tá longe de estragar o filme, mas fiquei imaginando uma versão dessas pra Reconhecimento de Padrões do William Gibson.

Paprika (Japão, 2006)

Sinistramente fantástico. Best bad trip ever! O Paprika tem seu argumento no mesmo nível da direção de arte. O roteiro consegue costurar muito bem uma trama bizarra: quando um aparato médico que permite uma nova e revolucionária terapia (onde o psicoterapeuta consegue visualizar e interagir com os sonhos dos pacientes) é roubado por um "terrorista onírico", a cagada tá feita!
Esse é um dos melhores filmes que ví ultimamente. A história é complexa e vai se desdobrando de forma surpreendente como num sonho mesmo, até certo momento ser difícil separar a realidade da ilusão. Cada personagem tem profundidade e função no roteiro, nada é gratuito. E, como o próprio inconsciente, não há muito espaço pro politicamente correto (postura sempre louvável nas criações japonesas, nem sempre presente nas produções ocidentais) e aí somos presenteados e surpresos com sequências fenomenais.



Pra mim, Paprika é mais uma pequena obra-prima da ficção oriental (tenho que conseguir uma tradução do livro) e da animação japonesa. Imperdível!

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