Poesia de garagem, música, descrições e indiscrições. Um blog tardio mas que nasceu de sete meses, angustiadinho e agora com algumas revisões gramaticais.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Gotas de Sabedoria do Dr. Leary Houdini

Leary Houdini e a neo-psicodelia. *

O professor doutor Leary Houdini é um cara legal. Mestre em escapismo, pai de duas crianças acreanas e da revolucionária teoria do Inexistencialismo, o Dr. Leary é tão viciado em cultura pop quanto eu. O professor esteve há pouco por estas plagas equatoriais e pudemos ir um pouco além dos e-mails repletos de histórias, percepções alucinantes e dicas de discos.

A vida atribulada dos últimos meses no Eldorado cobrou seu preço – num intercâmbio de culturas, tomou chá das cinco com os silvícolas, desenvolveu uma estranha dependência em brazilian nuts e jura que viu Tupã – mas também deixou espólios. Além de finalizar as últimas páginas de sua obra Ecce Húmus - Fundamentos do Inexistencialismo, Houdini firmou profunda amizade com Bonifrate, compositor e cabeça da banda Supercordas. O doutor me mostrou o disco com um sorriso pacífico e disse, cheio do sotaque: "Cabôuco, esta cd'zinha és pra ouvir a cerca de naturessa". Daí botou nas minhas mãos o álbum Seres Verdes ao Redor como quem entrega um amuleto. Eu já conhecia os sons do Bonifrate (inclusive versões mais simples de algumas faixas desse disco) e havia baixado tudo que tinha disponível do doido no Trama Virtual: seus excelentes discos solo, os primeiros do Supercordas e até alguns projetos paralelos como o The Psilocybian Devils e o Vitrola Photosintética. Dr. Leary estava traqüilo e isso se espelhava no disco. Fiquei feliz. Em nosso primeiro encontro, há uns 9 anos, ele estava alteradíssimo e loucaço com o primeiro disco do Júpiter Maçã, A Sétima Efervescência (onde se acha o hit Um Lugar do Caralho, que tantos pensam ser do Raul Seixas). A placidez com que me entregava o Supercordas e aquela seqüência de roques rurais lembrando bastante o Obscured by Clouds do Pink Floyd me parecia algum tipo de evolução. Vá saber.

Tomando um sorvete de murucí numa Cairu despinte trocamos mais idéias sobre os bons discos da Elephant 6 (selo de boa parte das boas bandas da chamada neo-psicodelia como Beulah, The Apples in Stereo, e Olívia Tremor Control) enquanto eu reafirmava minha paixão pelos Flaming Lips.

Leu pra mim o primeiro parágrafo do seu novo livro Firme é o Firmamento, onde descreve seus sonhos - "O Kerouac non mandow béin no dele", soltou - pagou o sorvete e me presenteou com o Supercordas. O Professor Doutor Leary Houdini é um cara legal .
 
*Este texto foi escrito em fevereiro de 2007 para ser publicado na de.lovely (uma revista do Roxy Bar que não vingou). Resolví desencavar essa porra pois tenho reencontrado o velho Leary ultimamente. Assim que rolar algo novo com o catedrático, posto aqui.

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