Sabia disso mas não freei a esperança. E a surpresa do disco me veio quase como um alívio. As músicas que eu conhecia dos shows estavam ali, mas com outro impacto, som mais climático, mais cheio, mais alto. Sem perder em momento algum a voz suave, mas firme, da Clara. Os arranjos e a produção jogavam à favor. Então foram quatro músicas que não saíram do som.
Que Nem Passarinho abre o disco num crescendo com pegada e clima soturno (a cozinha de Ulysses Moreira e Manuel Malvar chega logo dizendo pro que veio), sem aliviar vai pegando fogo, contrastando com a doçura da letra e da voz da Ana Clara. O Adeus Veio Depois ficou linda, uma pequena pérola radiofônica, as guitarras ficam mais educadas, mas sempre presentes, ora de cara, ora abafada, ora com efeitos suaves. Era uma faixa que podia dançar pelos excessos, mas os três guitarristas (Marcelo Damaso, João Lemos e Marcel Barreto) não se tornam redundantes em momento algum. Eu Mandei Meu Amor Pro Espaço é um space oddity agreste, uma balada recheada de sutilezas num clima de abandono chapado. Enfim, Polaroid Sem Cor, uma bela canção mas a que menos me tocou; ela, sim, me parece que pedia um clima menos cheio, mais simples e direto, não chegou a me incomodar, nem me encantar.
A produção de Iuri Freiberger me parece acertadíssima. O disco mantém todo o potencial pop com peso mas sem perder a mão em quase nada. É um disco que tem unidade e personalidade. Redondinho. Ana Clara não merecia nada menos que esse debut classe A pra uma carreira que não promete. Cumpre.
A produção de Iuri Freiberger me parece acertadíssima. O disco mantém todo o potencial pop com peso mas sem perder a mão em quase nada. É um disco que tem unidade e personalidade. Redondinho. Ana Clara não merecia nada menos que esse debut classe A pra uma carreira que não promete. Cumpre.